MADE FOR FASHION REÚNE FAMOSOS ESTILISTAS DE MODA E ARTISTAS MAQUIADORES PARA UM CÂNDIDO BATE-PAPO SOBRE CRIATIVIDADE, COLABORAÇÃO E PASSARELAS.
O estilista de moda Ed Marler pode ser novo na cena, mas a sua abordagem audaciosa, estranhamente romântica, de conto de fadas gótico, ao design o transformou em uma estrela revelação, um herói subversivo resgatando um mundo da moda desesperado por uma perspectiva fresca. Graduado recente pela Central Saint Martins, Marler estreou a sua primeira coleção no Fashion East Show Primavera/Verão 2015 em Londres, um desfile de garotos clubbers transformados em vampiros andando na passarela ao som de Kyle Minogue, repletos de joias, brocados, ricas camadas e sem gênero definido. Como era de se esperar, ele agradou, despertando o público com seu ponto de vista provocador, endiabrado, lembrando às comunidades da moda tanto de Londres quanto do restante do mundo o que acontece quando os estilistas elevam a forma de arte ao máximo, superando limites, defendendo posições e, bem, divertindo-se um pouco.
Marler se juntou oficialmente à London Fashion Week na última estação, quando apresentou a sua coleção ready-do wear Primavera/Verão 2016 em um pequeno pátio no Soho londrino. Influenciado por sua origem no East London, suas criações, apesar de serem afrontosas, são notavelmente para e das pessoas. É o glamour desconstruído, transgressor, mas atraente, ao mesmo tempo opulento e saído das ruas. Estreando junto com a sua coleção Outono/Inverno 2016, Marler imprime a sua estética singular a um novo filme curta-metragem dirigido por Paulina Otylie Surys; uma peça bizarra e bonita que remete ao seu gosto pelas influências do século XVIII enquanto pavimenta o caminho para o que está por vir.
Assista ao filme de Ed Marler aqui, exclusivamente em M·A·C Culture
Você pode falar sobre o processo que deu origem ao seu filme? Como ele se desenvolveu?
A ideia do filme em si é uma história no gênero Gata Borralheira de uma garota se preparando para sair e usando o que ela tem à mão para se transformar. Não tem muito a ver com a coleção; tem mais a ver com contar uma história e criar um estado de ânimo para o futuro. Nós usamos uma combinação de criações das estações passadas para fazer isso. Scarlett O’Hara e Michelle Pfeiffer no papel de Mulher-Gato foram grandes influências, bem como vestidos/maquiagem das mulheres do século XVIII, uma vez que a história da Gata Borralheira acontece mais ou menos nessa época.
E o que pode nos dizer sobre os looks de beleza do filme? Com que artistas trabalhou e qual foi o processo que compartilharam?
Eu trabalhei com Daniel Sallstrom. Adotamos o delineador de olho do meu primeiro desfile, que é algo que tento usar em todos os meus looks de beleza, pois acho que funcionou superbem. Ele estende os cantos dos olhos para conferir um look mais sobrenatural. É só acrescentar um pouco mais de maquiagem em torno dele e já dá o aspecto de que faz parte do seu olho real. Daniel também gosta de aplicar fita no rosto para esticar as sobrancelhas. Normalmente isso ficaria escondido atrás dos cabelos, mas nós decidimos tratar o caso como uma deformação e então cobrimos a fita com pérolas.
O que inspirou este look?
A ideia da maquiagem em geral era século XVIII e a beleza, mas com um viés ligeiramente sobrenatural e estranho. O look de beleza final foi influenciado pela pintura de Pietro Longhi. Eu gosto do jeito que tudo fica bem bonito, mas aí temos as máscaras estranhas, que são totalmente pretas. Fica com um aspecto bem excêntrico. Em suas pinturas, a nobreza parece toda igual, com máscaras idênticas e comportamento idêntico; não tem um nobre que se destaque. Ao contrário, a máscara era um modo de ser individualista. Ela epitomava Veneza no sentido de que a máscara representa o que a cidade em si emite, que é independência e originalidade. Ela simbolizava que a sociedade de Veneza, apesar dos tempos difíceis, iria perseverar.
As suas criações adotam uma abordagem muito elevada, brincalhona, faça-você-mesmo ao glamour. O que a noção de “glamour” significa para você?
Eu tento mostrar que o glamour pode ser para todos. Sempre me senti compelido a sair bem vestido. Eu obtenho muitas ideias a partir disso. Ainda que as pessoas não tenham condições de comprar as minhas roupas, há coisas nelas que podem inspirá-las.
“Eu só tento incluir um tipo de escapismo no meu trabalho, para mim mesmo e para os outros que querem olhar para ele”. - Ed Marler
Como você espera que o seu trabalho influencie o mundo da moda?
Espero que ele acrescente um senso de escapismo e fantasia. O mundo é um lugar bem enfadonho no momento, então eu acho que é disso que precisamos.