Em Scene Stealers, pessoas criativas que estabelecem a tendência na música, nas artes e na vida noturna revelam suas três principais inspirações.
Sarah Nicole Prickett é um rosto conhecido no mundo da literatura e das artes de Nova York, e é difícil não notá-la com seus cabelos emaranhados, maçãs do rosto destacadas e unhas em garra. Há algo de bem ameaçador na aparência dela, mas do jeito mais sexy e intrigante, como alguém que acabou de sair de um filme de David Lynch. Natural de Toronto, hoje vivendo no Brooklyn, Prickett escreve ensaios pessoais para publicações como T magazine, Artform e Dazed, além de ser editora contribuinte da revista literária The New Inquiry. Em 2014, juntamente com o diretor de arte Berkeley Poole, Prickett lançou Adult – uma revista erótica que atrai não só homens héteros e que é ao mesmo tempo sexy, artística, intelectual e evocativa. Quando M·A·C Culture perguntou a Prickett quais são seus três ícones de beleza, ela respondeu: “Ter uma boa aparência é algo que nos envaidece, e a vaidade nos leva a qualquer lugar”.
Rihanna
Rihanna é uma das pessoas mais importantes que já viveu. Ela é uma heroína que se recusa a ser santa ou mártir; ela nunca se mostrou virginal e não é a queridinha de ninguém. Se é para colocar um rótulo, então ela é como ... um anjo vingador. Ao mesmo tempo, ela pode usar, copiar, incorporar qualquer coisa e ainda ficar com cara de Rihanna. Acho que comecei a deixar as minhas unhas bem compridas por causa dela. Eu realmente absorvi a engenhosa regra dela: se usar sutiã, não use blusa; se usar sutiã, use só sutiã. Eu também amo a mistura de tomboy com high femme dela.
Clarice Lispector – ela “era divorciada, e as divorciadas têm o melhor estilo".
Clarice Lispector
Clarice Lispector já morreu, mas a escrita dela é sempre atual – o transitório, a obsessão de uma vida toda dela. Em "Um Sopro de Vida", ela escreve “Aqui temos um momento de beleza extravagante: eu o tomo líquido da concha da minha mão e quase tudo desaparece entre os meus dedos, mas a beleza é assim, ela é uma fração de um segundo, a rapidez de um momento e então, imediatamente, ela escapa”.
Talvez para fazer com que a centelha pare de se esvair, ela acabou, depois superar por anos até mesmo Anaïs Nin no departamento da beleza pouco natural, ela começou a obter “cosméticos permanentes” – cosméticos semipermanentes, de todo modo – aplicados mensalmente por um artista maquiador. “Por que não maquiagem permanente”, ela explicou, “para a mulher que acha que está decaindo?” A escritora também era divorciada, e as divorciadas tem o melhor estilo. Quando digo divorciadas, eu não me refiro às mulheres divorciadas. Eu quero dizer divorciadas: mulheres que se identificam como divorciadas. Como Charlotte Rampling ou Gena Rowlands em no mínimo três filmes de Cassavetes ou Julianne Moore em Homem Solteiro. São mulheres que aprenderam a ser os seus próprios diamantes.
Durga Chew-Bose – “ela pode usar sapatos interessantes sem ficar esquisita, algo normalmente bem difícil.”
Durga Chew-Bose
Durga diz que não tem um estilo, mas como alguém que fala com ela absolutamente todos os dias, eu me sinto qualificada a discordar gentilmente. O estilo dela é limpo e profundo, ela pode usar sapatos interessantes sem ficar esquisita, o que é algo difícil. Ela também sabe como fazer um eyeliner Kohl legítimo, como com o Kohl que ela consegue da Índia. E eu tenho certeza de que foi ela que me apresentou ao esmalte superbranco - meu favorito, especialmente no verão.
“Os editores de moda falam em estilo pessoal ... mas quase ninguém tem uma personalidade tão original assim. Nós nos produzimos com o que quer que seja que encontremos pela frente".
Consegue se lembrar da primeira vez em que tentou imitar o look de alguém?
No primeiro ano do ensino médio, eu cortei meus cabelos bem curtos à la Winona Ryder, mas também usava colares de conchas porque as garotas loiras, sardentas, atléticas os usavam, e tênis vermelhos em forma de chinelos com jeans vermelhos, junto de uma camiseta vermelha listrada e batom vermelho (quando minha mãe não estava olhando), porque eu queria ficar parecida com a Veronica – como em Betty e Veronica – com suas maxiroupas monocromáticas. Os editores de moda falam em “estilo pessoal” como se fosse algo como pura expressão, mas a personalidade de quase ninguém é tão original assim. Nós nos produzimos com o que quer que seja que encontremos pela frente. A minha ideia de estilo é: emprestar seletivamente, reforçar positivamente. Eu sempre gostei de pegar e experimentar coisas do closet ou do armário do banheiro das minhas melhores amigas ou do quarto de um amante, e quando a pessoa diz “você está ótima”, eu tento acreditar.